segunda-feira, 17 de março de 2014

Sindrome da Banda Ilio-Tibial (Síndrome do Corredor)

(Por Charlotte Cazaban)


A Síndrome da Banda Ilio-Tibial, também designada “síndrome do corredor”, trata-se de um conjunto de sinais e sintomas ao nível da Banda Ilio-Tibial. Essa estrutura fibrosa, corresponde ao tendão que surge dos músculos grande glúteo e tensor da fáscia lata e insere-se numa região óssea designada por tubérculo de Gerdy, situada na parte externa da tíbia. Durante 20 a 30º de flexão do joelho (sempre que o joelho dobra aproximadamente na amplitude de movimento normal do passo) esta estrutura tendinosa fricciona (passa por cima) do epicôndilo externo (proeminência óssea do fémur).

Lesões desportivas de sobrecarga provocada por múltiplos movimentos repetidos, particularmente no movimento de flexão/extensão do joelho, podem desencadear esta síndrome. Reconhece-se também que as suas causas podem ter várias origens, sendo que as mais aceitas são encurtamentos ou fraqueza de músculos específicos (ex. tensor da fáscia lata, médio glúteo, adutores entre outros) ou alterações anatômicas estruturais, como diferenças de comprimento entre os membros inferiores (pernas), varismo dos joelhos (pernas arqueadas) e pronação excessiva do pé (pé plano). Para além destas, são descritas outras causas, como o uso de calçado inadequado ou desgastado, treinos com alterações bruscas de intensidade e velocidade, e alterações sucessivas das superfícies de treino (ex. pisos planos para pisos inclinados).

O Síndrome da banda ílio-tibial atinge fundamentalmente atletas ou populações fisicamente ativas, predominantemente os corredores de curta ou longa distância, devido à sobrecarga causada pela grande repetição do movimento. Do ponto de vista científico, resultados de alguns estudos referem que durante uma corrida de curta duração a banda ílio-tibial move-se (fricciona) cerca de 90 vezes por minuto ou 22.000 vezes durante uma corrida de longa duração (ex. maratona). Além de ser muito frequente em corredores (seja qual for o nível competitivo), atualmente também se têm registado inúmeros casos em ciclistas de estrada ou de BTT.

Geralmente os sintomas (dor) são sentidos em nível do compartimento externo do joelho (parte de fora do joelho), podendo difundir-se (estender-se) ao longo da face externa da coxa (perna). A dor pode surgir mais ou menos 10 minutos após o inicio do treino, de acordo com a duração e/ou intensidade do mesmo, e em situações muito severas (de muita dor) obriga à paragem total. Em fases avançadas / crônicas os sintomas podem permanecer após o fim do do treino, em atividades como: descer ou subir escadas ou após períodos prolongados na posição de sentado. Em certos casos são descritas sensações de crepitação e de irritabilidade.

Qual é o tratamento?

- Recomenda-se repouso da atividade e a alteração, sempre que possível, das rotinas ou intensidade da corrida o treino de bicicleta (solicite ao seu fisioterapeuta várias sugestões).

- Programas de exercícios de alongamento e/ou de fortalecimento que visam a melhorar a dinâmica de músculos específicos e relevantes,

- Dependendo da identificação da causa dos seus sintomas, podem ser necessárias avaliações específicas da postura e comportamento mecânico do seu pé; alteração do calçado e pisos de treino.

- Aplicação de gelo e de alguns agentes físicos que visem à diminuição os seus sintomas podem também ser recursos necessários.

- Indicação de cirurgia é raro, mas em casos particulares pode representar uma alternativa.


A prevenção do aparecimento da síndrome da banda ílio-tibial é feita por meio da manutenção de um programa de alongamentos específicos, da frequente adequação do calçado utilizado e do ajuste dos níveis de treino.

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