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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As 5 fases do processo de perda ou luto

(Thaís Petroff)

Todas as pessoas que sofrem algum tipo de perda ou que têm a possibilidade de sofrer (morte de ente querido, diagnóstico de doença, falência, traição, punição criminal, etc.) passam por um processo de luto para poder elaborar e lidar com essa situação.

A falecida psiquiatra suíça, Elisabeth Kubler-Ross, pesquisou e trabalhou com esse tema e descreveu cinco fases desse processo de luto. Dentro da abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), é possível perceber que existem pensamentos e comportamentos comuns às pessoas que se encontram vivenciando cada uma dessas fases. Essa descrição pode facilitar a compreensão e a percepção sobre o que ocorre com pessoas que enfrentam alguma forma de perda ou luto.


1a. fase: negação.

Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.

Pensamentos

•“Isso não é verdade!”
• “Vai passar.”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também.”
• Buscar uma segunda opinião ou outras explicações para a questão.

Comportamentos

• Continuar se comportando como antes (ignorando a situação).
• Não aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).


2a. fase: raiva

Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente essas emoções são projetadas no ambiente externo; percebendo o mundo, os outros, Deus, etc. como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se inconformada e vê situação como uma injustiça.

Pensamentos

•“Por que e?”
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Comportamentos

• Perde a calma quando fala sobre o assunto.
• Recusa-se a ouvir conselhos.
• Evita falar sobre o assunto.


3a. fase: negociação / barganha

Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo ou às vezes voltada para à religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.

Pensamentos

• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)

Comportamentos

• Rezar e fazer um acordo com Deus.
• Buscar agradar (no caso de uma traição).
• Se alimentar com produtos lights e diets para compensar os outros alimentos. 


4a. fase: depressão

Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É um momento e que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.

Pensamentos

•“Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Comportamentos

• Chorar
• Afastar-se das pessoas.
• Comportar-se de maneira autodestrutiva.


5a. fase: aceitação

Nessa fase percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

Pensamentos

•“Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isto.”
• “Posso aprender com isto e melhorar.”

Comportamentos

• Buscar ajuda para resolver a situação.
• Conversar com outros sobre o assunto.
• Planejar estratégias para lidar com a questão.


As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas depois retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas, sem ter avanços por longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão.

Tem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar a aceitação nunca. Tem pessoas que em poucas horas ou dias fazem todo o processo, isso varia também em função da perda sofrida pela pessoa.

O terapeuta de TCC trabalha desafiando os pensamentos automáticos negativos (PANs), fornecendo suporte emocional e planejando conjuntamente com a pessoa comportamentos alternativos mais saudáveis e produtivos.



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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Benefícios da Atividade Física durante o Tratamento Oncológico (*)

(Kamila Favarao Adorni - Fisioterapeuta)

Segundo a OMS, podemos definir a atividade física, como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso.

1. Quais os benefícios de atividade física?

Inúmeros estudos demonstram que os mecanismos de regulação e de defesa do corpo que lutam contra o câncer podem ser estimulados pela atividade física. Alguns exemplos:
  • Reduz a quantidade de tecido adiposo – principal local de estocagem de toxinas cancerígenas; 
  • Reduz o excesso de estrógenos e de testosterona; 
  • Reduz a taxa de açúcar no sangue, consequentemente, a secreção de insulina e IGF; 
  • Atua no sistema imunológico, alem dos benefícios já conhecidos por todos, como melhora do humor, da disposição e consequentemente melhora da qualidade de vida. 

2. Quem deve ser o profissional a prescrever e realizar as orientações para a prática da atividade física no paciente oncológico?

O profissional mais indicado, é o fisioterapeuta, afinal é uma reabilitação física! E devemos estar atentos a todos os possíveis riscos deste paciente.

3. Pacientes em tratamento oncológico devem realizar atividade física?

O tratamento oncológico não impede a realização de uma atividade física (como por exemplo, caminhada). É até importante, para:
  • Manter ou melhorar sua capacidade física. 
  • Melhorar o equilíbrio, diminuindo o risco de quedas e ossos quebrados. 
  • Evitar o atrofiamento dos músculos. 
  • Diminuir o risco de doença cardíaca. 
  • Diminuir o risco de osteoporose. 
  • Melhorar o fluxo sanguíneo. 
  • Tornar o paciente independente para suas atividades cotidianas. 
  • Melhorar a autoestima. 
  • Diminuir o risco desenvolver depressão. 
  • Diminuir as náuseas. 
  • Melhorar o humor e o relacionamento social. 
  • Evitar a fadiga. 

4. Existe um momento ideal para a realização da atividade física durante o tratamento oncológico?

A atividade física pode ser iniciada desde o começo do tratamento, levando sempre em consideração as características individuais de cada paciente. A indicação do melhor momento, ira depender das condições clínicas atuais. Se o paciente estiver se sentindo bem, com exames controlados, é importante conversar com a equipe médica sobre o inicio da atividade física e, se não houver qualquer problema clínico, o paciente poderá iniciar.

5. Pacientes no pós cirúrgico se beneficiam com a atividade física?

Desde que não tenham nenhuma contra indicação medica, o paciente poderá usufruir dos benefícios da atividade física. Porem, neste momento a atividade de escolha deve ser muito leve, como por exemplo, uma caminhada em ritmo lento, duas vezes na semana.




6. Quais os cuidados que o fisioterapeuta deve ter ao prescrever a atividade física para o paciente oncológico?

Devemos estar atentos aos pacientes com número baixo de plaquetas, de hemoglobina, o profissional deve estar sempre verificando estes exames para adaptar as atividades de acordo com as condições do aluno/paciente.

Os parâmetros laboratoriais e de imagem são importantes para isso, o programa de exercício deve basear-se nas características individuais de cada paciente e levar em conta a avaliação clinica e os resultados críticos dos exames laboratoriais.

7. Quais são as precauções para iniciar a atividade física?

  • Certifique-se que seus níveis sanguíneos estão adequados.
  • Não faça exercícios físicos se estiver com anemia. 
  • Se suas taxas sanguíneas estiverem baixas evite locais públicos. 
  • Não pratique atividades físicas se o nível dos minerais no sangue, como sódio e potássio, não estiverem normais. 
  • Se você se sente cansado e sem vontade de praticar exercícios físicos, tente pelo menos fazer 10 minutos de alongamento diariamente. 
  • Evite superfícies irregulares e exercícios que possam fazer você se machucar. 
  • Evite exercícios que provoquem muita tensão nos ossos, se você tem osteoporose, metástase óssea, artrite e lesões nos nervos. 
  • Se você tem problemas de equilíbrio, prefira a bicicleta ergométrica à esteira. 
  • Avise seu médico se ganhar peso sem motivo aparente, tiver falta de ar ao mínimo esforço, tontura, dores, inchaços e visão turva. 
  • Observe a ocorrência de sangramentos, especialmente se estiver tomando anticoagulantes. 
  • Evite piscinas com cloro se tiver feito radioterapia. 
  • Se você estiver usando um cateter, evite esportes aquáticos e outros riscos que podem causar infecções. Evite também treinos de resistência que exercitem os músculos na região do cateter. 
  • Atividade física deve ser prescrita, orientada, acompanhada por um profissional da área de saúde, de preferência pelo fisioterapeuta, e o paciente deve ser reavaliado com freqüência. 

8. A prática de atividade física ajuda a reduzir a fadiga?

Sim, a pratica regular de atividade física, por meio de exercícios aeróbicos, como a caminhada, associado ou não a exercícios resistidos, diminui a fadiga relacionada ao câncer durante o tratamento. A maioria dos pacientes com câncer percebe que tem muito menos energia do que antes. Durante o tratamento, cerca de 70% dos pacientes apresentam fadiga. Esse tipo de cansaço do corpo e do cérebro não melhora com o repouso. Para muitos, a fadiga é intensa e limita suas atividades. A inatividade leva à perda de massa muscular e perda de função. Um programa de exercícios aeróbicos pode ajudar a fazer você se sentir melhor, podendo inclusive ser prescrito como tratamento para fadiga em pacientes com câncer.

9. Mesmo a fadiga causada pelos efeitos da quimioterapia?

Sim. Dicas para reduzir a fadiga:
  • Estabeleça uma rotina que permita que você faça os exercícios diariamente. 
  • Exercite-se regularmente. 
  • Faça pausa entre as séries de exercício. 
  • A menos que seja indicado o contrário, mantenha uma dieta equilibrada, que inclua proteínas, e beba cerca de 8 a 10 copos de água por dia. 
  • Faça atividades que lhe dão prazer. 
  • Use técnicas de relaxamento e visualização para reduzir o estresse. 

10. Como devo iniciar a pratica da atividade física?

Embora haja muitas razões para ser fisicamente ativo durante o tratamento do câncer, o programa deve ser baseado no que é seguro, eficaz e agradável para cada paciente. O programa deve levar em conta os programas anteriores de exercícios que o paciente já costumava seguir antes da doença e também seus novos limites. Portanto, o programa de exercícios deve ser adaptado aos seus interesses e necessidades, iniciando sempre de forma lenta e através de exercícios leves.

Dicas para iniciar a atividade física:
  • Comece gradualmente; 
  • Faça regularmente (30 minutos de caminhada seis vezes na semana); 
  • Tente atividades suaves; 
  • Busque o prazer; 
  • Caso sinta-se melhor, faça em grupos; 
  • Não desista! 

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(*)Texto retirado do Site da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia em 22/08/2014. Kamila Favarao Adorni é Fisioterapeuta, com mestrado em Saúde da Mulher.
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