segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uso de irrigação nasal com solução salina

 

Autora: Dra. Laurie Barclay

Publicado em 11/30/2009

Um artigo de revisão, publicado no American Family Physician oferece orientações sobre o uso, no ambiente da prática de família, da irrigação nasal com solução salina como uma terapia adicional para condições do trato respiratório superior.

“Condições do trato respiratório superior, como a rinossinusite crônica e aguda, infecções virais do trato respiratório superior (IVTRS) e rinite alérgica, são transtornos comuns que afetam negativamente a qualidade de vida dos pacientes”, escreve David Rabago, médico, e Aleksandra Zgierska, médica, PhD, da University of Wisconsin School of Medicine and Public Health, em Madison.

“A irrigação nasal com solução salina é uma terapia adicional para condições respiratórias, provavelmente originada da tradição médica ayurvédica. Seu uso, incluindo as indicações, soluções, e dispositivos de administração, foram primeiramente descritos na literatura médica no início do século 20”.

A irrigação com solução salina banha a cavidade nasal com soro fisiológico líquido ou em spray ao instilá-lo em uma narina, permitindo a drenagem da outra. Técnicas utilizando dispositivos de administração disponíveis nas farmácias incluem a baixa pressão positiva fornecida por um spray ou garrafa de esguicho, ou pressão baseada na gravidade utilizando um pote Neti ou outra vasilha com um bico nasal.

Normalmente, as soluções salinas utilizadas são a de 0,9% a 3%, mas a salinidade ótima, o pH e a temperatura são desconhecidos, e podem variar de acordo com a preferência do paciente.

A irrigação nasal com soro fisiológico líquido pode ser útil para controlar os sintomas da rinossinusite crônica que persistem por 12 semanas ou mais, e essa é a indicação mais comum desse procedimento.

Em um estudo incluído na revisão Cochrane, o uso diário de soro fisiológico líquido a 2%, mas não em spray, além do tratamento de rotina foi associado a uma redução de 64% na gravidade global dos sintomas, em comparação ao tratamento de rotina somente. Esses pacientes também apresentaram melhorias significativas na qualidade de vida específica para a doença em 6 e 18 meses.

Para o manejo dos sintomas associados à rinite alérgica leve a moderada e às infecções agudas do trato respiratório superior, evidências apoiando o uso da irrigação nasal com solução salina líquida ou em spray são menos conclusivas.

Uma variedade de outras condições, como rinite da gravidez e rinossinusite aguda, pode responder à irrigação nasal com solução salina, de acordo com as diretrizes de consenso que recomendam o seu uso nessas condições.

“O mecanismo exato da ação da irrigação nasal com solução salina é desconhecido”, escrevem os Drs. Rabago e Zgierska. “Uma possibilidade é que a quebra da função protetora da mucosa exerce um papel nas condições respiratórias superiores. A irrigação nasal com solução salina pode melhorar a função da mucosa nasal através de vários efeitos fisiológicos, incluindo a limpeza direta; remoção de mediadores inflamatórios e melhora da função mucociliar, como sugerido pelo aumento da frequência de batimento ciliar”.

Modificações das técnicas e ajustes na salinidade podem ajudar a evitar efeitos adversos menores da irrigação nasal com solução salina, como uma sensação de desconforto e nervosismo na primeira vez que o método é utilizado. O soro fisiológico, líquido ou em spray, é associado a efeitos adversos semelhantes.

Nos pacientes que usam a irrigação nasal com solução salina, menos de 10% reportaram efeitos adversos. Esses podem incluir uma sensação auto-limitada de plenitude auricular, ardor da mucosa nasal e, raramente, epistaxe. Nenhum evento adverso grave foi reportado.

Contra-indicações da irrigação nasal com solução salina incluem trauma facial incompletamente curado, visto que o soro fisiológico pode potencialmente vazar para outros planos ou espaços teciduais; e condições associadas a um aumento do risco de aspiração, como tremor de intenção significativo ou outros problemas neurológicos ou musculoesqueléticos.


Recomendações clínicas

As principais recomendações clínicas para a prática, e seu respectivo nível de evidência, são as seguintes:

  • Para os sintomas de rinossinusite crônica, a irrigação nasal é uma terapia adicional efetiva (nível de evidência A).
  • Evidências limitadas sugerem que a irrigação nasal pode ser um tratamento adjunto efetivo dos sintomas de rinite alérgica ou irritativa, dos sintomas de infecções virais do trato respiratório superior, e do tratamento pós-operatório da cirurgia endoscópica dos seios (nível de evidência B).
  • Outras condições para as quais a irrigação nasal foi recomendada são: rinite da gravidez leve a moderada, rinossinusite aguda, sarcoidose sinonasal, e granulomatose de Wegener (nível de evidência C).

“Os pacientes com indicações apropriadas devem ser considerados para um ensaio de irrigação nasal com solução salina”, concluem os Drs. Rabago e Zgierska. “As técnicas de irrigação nasal com solução salina são facilmente ensinadas em ambientes de tratamento primário. Os pacientes identificaram métodos de educação efetivos (por exemplo: prática observada, apostilas para os pacientes) como a chave para uma iniciação e manutenção bem sucedidas”.


Os autores da revisão não declararam quaisquer relações financeiras relevantes.

Am Fam Physician. 2009;80:1117-1119.

Informação sobre a autora: Dra. Laurie Barclay, revisora e escritora freelance da MedscapeCME.

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