Mostrando postagens com marcador Fisioterapia Ortopédica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fisioterapia Ortopédica. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cigarro X Saúde Musculoesquelética


As lesões pulmonares e cardiovasculares provocadas pelo cigarro são amplamente divulgadas e conhecidas, porém, as lesões ortopédicas do cigarro são raramente discutidas e, por isso, seguem desconhecidas pelo público em geral. O objetivo dessa entrevista é chamar a atenção dos fumantes ativos e passivos para os riscos do desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas relacionadas ao cigarro.

O cigarro provoca lesões nos ossos e articulações?

Sim, temos diversos trabalhos científicos na literatura que descrevem essas lesões. 

Quais estruturas são lesadas pelo cigarro?

A cigarro está relacionado ao desenvolvimento de osteoporose. Além disso, leva ao retardo da consolidação óssea, à pseudartrose na fratura, e age diretamente na obstrução da microcirculação dos tendões. A lesão na microcirculação leva à ruptura e à dificuldade de cicatrização dos ligamentos e tendões. Há trabalhos publicados que mostram essa associação no desenvolvimento das lesões do manguito rotador, ou seja, quem fuma tem maior chance de desenvolver rupturas do manguito rotador e pior prognóstico após a ruptura desses tendões.  

Pacientes com fratura podem fumar?

Não, o cigarro é terminantemente proibido durante o processo de cicatrização da fratura. Quando um fumante quebra um osso, não temos como interferir nas lesões causadas na microcirulação durante todos os anos em que o paciente fumou, porém, podemos orientá-lo a parar de fumar durante o período de consolidação óssea. 

O que ocorre se o fumante com fratura não quiser parar de fumar?

Se estou tratando um paciente com fratura e ele necessitará de cirurgia, a conduta é simples: ou ele para de fumar ou troca de médico. Não realizo osteossíntese em pacientes fumantes que irão permanecer fumando no pós operatório. 

Quais o riscos do paciente fumante que tem uma fratura?

O paciente fumante evolui com aumento do tempo para colar uma fratura e, algumas vezes, a fratura simplesmente não cola. Desenvolve o que é denominado pseudartrose (falsa articulação), e o membro começa a fazer movimentos anormais no local fraturado. 

Porque o fumo está relacionado a tendinopatia do manguito rotador?

O fumo ativo, e também o fumo passivo, levam a alterações da microcirculação sanguínea, elevando a incidência de inflamações e dificultando a cicatrização dos tecidos tendinosos. 

Como está provado que o cigarro causa danos aos ossos, articulações e tendões?

O estudo sobre os malefícios do fumo, e particularmente do cigarro, é feito por meio de estudos observacionais na população fumante. Exemplo: O câncer de Pulmão apresenta uma incidência muito maior em pacientes fumantes. Nem todos os fumantes irão desenvolver câncer de pulmão, porém a incidência de câncer é 20 vezes mais frequente nos fumantes quando comparado com a população em geral. Estudos semelhantes são feitos com patologias ortopédicas, e observa-se que os pacientes  fumantes apresentam maior dificuldade de cicatrização tecidual, defeito na microcirculação. Observa-se também que o cigarro é um coadjuvante no desenvolvimento da osteoporose. 

De que maneira o fumo atrapalha a cirurgia ortopédica?

Quando operamos um paciente, reconstruímos seus tecidos, colocamos os ossos no lugar (quando realizamos uma osteossíntese) e costuramos os tendões e ligamentos. Ao final da cirurgia, inicia-se o processo de cicatrização dos tecidos. Tanto os tecidos reparados quando os produzidos pela incisão cirúrgica feita para se chegar até as estruturas lesadas deverão cicatrizar-se adequadamente. O cigarro atrapalha esta cicatrização, portanto, atrapalha diretamente o prognóstico da cirurgia. 

Como ocorrem as lesões provocadas pelo cigarro nos tecidos ósseos e tendinosos?

O mecanismo é o dano a microcirculação. Um tecido com menor aporte sanguíneo devido a problemas na microcirculação tem maior dificuldade de lidar com as reações pós operatórias. 

Exemplo: 

Imagine que os pequenos vasos estejam um pouco entupidos. Nessa situação, o tecido recebe menos sangue, e o sangue é o carreador de oxigênio que nutre as células. Com pouco oxigênio, as células ficam fracas e têm dificuldade para lutar contra bactérias geradoras de infeção.
O sangue também leva as células de defesa (glóbulos brancos) até os tecidos inflamados. Se chega menos sangue, há também menos células de defesa, e maior possibilidade de infecção. 

O sangue nutre os tecidos, tecidos com pouco sangue se deterioram e tecido morto é caldo de cultura para bactéria, o que também leva à infecção. 

Tecidos com pouco sangue têm dificuldade de produzirem novas células, o que significa retardo ou não cicatrização dos tecidos, pseudartrose e rupturas tendinosas.

Para piorar a situação, o fumo atrapalha o metabolismo do cálcio e os pacientes, levando a uma maior incidência de osteoporose. 

_______________________________________

Ortopedista, Traumatologia e Medicina do Esporte
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
atualizado em 20/04/2010

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O que é costocondrite? ¹

A costocondrite é uma inflamação da cartilagem que liga as costelas ao esterno ou osso do peito. Ela causa dor e sensibilidade na parede torácica que se assemelham, freqüentemente, ao que a pessoa sente com um ataque do coração ou outros problemas cardíacos. 

Em geral, a costocondrite não tem causa aparente e passa sozinha. O tratamento é direcionado a diminuir a dor enquanto o paciente espera o problema resolver-se. 


Quais são os sintomas da costocondrite? 

• Dor e sensibilidade na parede torácica, que podem tanto ser agudas como brandas e incômodas. 

• Dor que muitas vezes se manifesta no lado esquerdo do esterno, embora possa ocorrer em qualquer um dos lados do tórax. 

• Dor ao inspirar na respiração profunda. 

• Dor ao tossir. 

• Dificuldade de respirar. 


Quais são algumas das causas da costocondrite? 

Na maioria dos casos, a causa da costocondrite é desconhecida. Entretanto, há ocasiões em que existe claramente uma causa. Eis alguns exemplos: 

• Lesão – Um golpe no peito (ou sobrecarga muscular causada por alguma alguma atividade física); 

• Infecção – É possível uma infecção se desenvolver na articulação esternocostal, causando dor; 

• Fibromialgia – A costocondrite pode ser um sintoma de fibromialgia, a qual é uma enfermidade que causa dor muscular e uma sensação contínua de cansaço. 


Como o médico diagnosticará a costocondrite? 

O médico fará um levantamento do seu histórico de saúde, lhe perguntará sobre os seus sintomas e realizará um exame médico. Possivelmente, apalpará a extensão do esterno à procura de áreas sensíveis ou inchadas. 

Essa enfermidade não pode ser visualizada por radiografia; contudo, talvez o médico solicite alguns exames diagnósticos a fim de eliminar outras causas da dor, tais como doenças cardíacas ou problemas gastroinstestinais. 


Como é tratada a costocondrite? 

A costocondrite geralmente passa sozinha em uma ou duas semanas. Para que você se sinta mais confortável, pode ser que o médico lhe recomende tomar: 

• Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, conhecidos pela sigla AINEs (NSAIDs, em inglês) – tais como ibuprofeno (Advil, Motrin) ou naproxeno (Aleve); 

• Relaxantes musculares – ajudam a diminuir a dor. 

Os medicamentos de ambas essas classes podem ser irritantes ao estômago e devem ser ingeridos junto com as refeições. 

Existem, ainda, medidas de auto-cuidados que você pode tomar para melhorar o seu nível de conforto. Algumas delas são: 

• Repousar bastante e evitar atividades que fazem a dor piorar; 
• Praticar exercícios físicos leves, tais como caminhar ou nadar, para melhorar o seu humor e manter o seu corpo saudável. Porém, não exagere no exercício e pare se a dor aumentar ao praticá-lo. 
• Pode ser que o seu médico sugira a aplicação de uma compressa térmica na região dolorida várias vezes por dia. Mantenha o ajuste da compressa térmica no nível baixo para evitar queimaduras. 


______________________________
  1. Texto retirado da Folha de Informação aos Pacientes do Danbury Hospital
  2. Fonte: American Academy of Family Physicians através do site www.familydoctor.org. The Mayo Foundation for Medical Education and Research através do site www.mayoclinic.com

segunda-feira, 17 de março de 2014

Sindrome da Banda Ilio-Tibial (Síndrome do Corredor)

(Por Charlotte Cazaban)


A Síndrome da Banda Ilio-Tibial, também designada “síndrome do corredor”, trata-se de um conjunto de sinais e sintomas ao nível da Banda Ilio-Tibial. Essa estrutura fibrosa, corresponde ao tendão que surge dos músculos grande glúteo e tensor da fáscia lata e insere-se numa região óssea designada por tubérculo de Gerdy, situada na parte externa da tíbia. Durante 20 a 30º de flexão do joelho (sempre que o joelho dobra aproximadamente na amplitude de movimento normal do passo) esta estrutura tendinosa fricciona (passa por cima) do epicôndilo externo (proeminência óssea do fémur).

Lesões desportivas de sobrecarga provocada por múltiplos movimentos repetidos, particularmente no movimento de flexão/extensão do joelho, podem desencadear esta síndrome. Reconhece-se também que as suas causas podem ter várias origens, sendo que as mais aceitas são encurtamentos ou fraqueza de músculos específicos (ex. tensor da fáscia lata, médio glúteo, adutores entre outros) ou alterações anatômicas estruturais, como diferenças de comprimento entre os membros inferiores (pernas), varismo dos joelhos (pernas arqueadas) e pronação excessiva do pé (pé plano). Para além destas, são descritas outras causas, como o uso de calçado inadequado ou desgastado, treinos com alterações bruscas de intensidade e velocidade, e alterações sucessivas das superfícies de treino (ex. pisos planos para pisos inclinados).

O Síndrome da banda ílio-tibial atinge fundamentalmente atletas ou populações fisicamente ativas, predominantemente os corredores de curta ou longa distância, devido à sobrecarga causada pela grande repetição do movimento. Do ponto de vista científico, resultados de alguns estudos referem que durante uma corrida de curta duração a banda ílio-tibial move-se (fricciona) cerca de 90 vezes por minuto ou 22.000 vezes durante uma corrida de longa duração (ex. maratona). Além de ser muito frequente em corredores (seja qual for o nível competitivo), atualmente também se têm registado inúmeros casos em ciclistas de estrada ou de BTT.

Geralmente os sintomas (dor) são sentidos em nível do compartimento externo do joelho (parte de fora do joelho), podendo difundir-se (estender-se) ao longo da face externa da coxa (perna). A dor pode surgir mais ou menos 10 minutos após o inicio do treino, de acordo com a duração e/ou intensidade do mesmo, e em situações muito severas (de muita dor) obriga à paragem total. Em fases avançadas / crônicas os sintomas podem permanecer após o fim do do treino, em atividades como: descer ou subir escadas ou após períodos prolongados na posição de sentado. Em certos casos são descritas sensações de crepitação e de irritabilidade.

Qual é o tratamento?

- Recomenda-se repouso da atividade e a alteração, sempre que possível, das rotinas ou intensidade da corrida o treino de bicicleta (solicite ao seu fisioterapeuta várias sugestões).

- Programas de exercícios de alongamento e/ou de fortalecimento que visam a melhorar a dinâmica de músculos específicos e relevantes,

- Dependendo da identificação da causa dos seus sintomas, podem ser necessárias avaliações específicas da postura e comportamento mecânico do seu pé; alteração do calçado e pisos de treino.

- Aplicação de gelo e de alguns agentes físicos que visem à diminuição os seus sintomas podem também ser recursos necessários.

- Indicação de cirurgia é raro, mas em casos particulares pode representar uma alternativa.


A prevenção do aparecimento da síndrome da banda ílio-tibial é feita por meio da manutenção de um programa de alongamentos específicos, da frequente adequação do calçado utilizado e do ajuste dos níveis de treino.

________________________


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...