segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Oxigenoterapia

 

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A oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio suplementar com o intuito de elevar ou manter a saturação de oxigênio acima de 90%, corrigindo os danos da hipoxemia. Deve ser administrada com base em alguns parâmetros utilizados para avaliar o grau de oxigenação sangüínea.

Ao se elevar a fração inspirada de oxigênio, constata-se aumento da pressão arterial de oxigênio e, conseqüentemente, diminuição do trabalho respiratório necessário para manter a tensão de oxigênio alveolar, bem como do trabalho miocárdico responsável pela manutenção da oferta de oxigênio aos tecidos.

Indicação: A oxigenoterapia está indicada sempre que exista uma deficiência no aporte de oxigênio aos tecidos.

A pressão arterial de oxigênio (PaO2), normalmente entre 90 e 100mmHg, refere-se à quantidade de oxigênio dissolvida no plasma e valores abaixo da normalidade indicam trocas gasosas ineficientes.

Outro índice importante é a saturação da oxiemoglobina arterial (SatO2) que é proporcional à quantidade de oxigênio transportado pela hemoglobina. Seu valor é igual ou maior que 97% e pode ser monitorada pela oximetria de pulso ou de forma invasiva por meio de coleta e análise do sangue arterial.

A saturação venosa de oxigênio (SvO2), a pressão de oxigênio venoso misto (PvO2), o conteúdo do oxigênio arterial (CaO2) e a liberação sistêmica de oxigênio (PO2) são outros parâmetros que também devem ser considerados.

O objetivo primário da oxigenoterapia é aumentar a quantidade de oxigênio carreado pelo sangue aos tecidos.

Através do aumento da concentração de oxigênio no ar alveolar, cria-se uma diferença entre a pressão parcial desse gás dentro dos alvéolos e o oxigênio dissolvido no plasma, facilitando a passagem de oxigênio para o capilar, sua dissolução no plasma e associação com a hemoglobina, reduzindo os efeitos da hipoxemia.

Hipoxemia X Hipóxia

Hipoxemia é a deficiência anormal de concentração de oxigênio no sangue arterial (baixa PaO2).

É diferente de hipóxia ou hipoxia, que é a baixa disponibilidade de oxigênio para determinado órgão, o que pode ocorrer mesmo na presença de quantidade normal no sangue arterial, como no infarto agudo do miocárdio ou no acidente vascular cerebral.

Sinais de hipóxia:

Respiratórios: taquipnéia, respiração laboriosa (retração intercostal, batimento de asa de nariz), cianose progressiva;

Cardíacos: taquicardia precoce, bradicardia (mais avançada), hipotensão e parada cardíaca;

Neurológicos: inquietação, confusão, prostração, convulsão e coma.

Sistemas de alto e baixo fluxo

  • Sistemas abertos: sem reinalação do gás expirado.
    • Podem ser de baixo ou alto fluxo.
    • Para que se possa usar um desses sistemas, é necessário que haja uma válvula redutora de pressão (permitindo reduzir a diferença pressórica entre rede de oxigênio e a pressão atmosférica) acoplada a um fluxômetro.
    • Os fluxômetros são compensados ou não, em relação à válvula de saída, e a sua leitura é feita em litros por minuto.

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1) O sistema de baixo fluxo: fornece oxigênio com fluxo menor que a demanda do paciente, com concentrações que variam de 24 a 40%, com fluxo de  1 a 6L/min (FiO2 baixa e variável devido à diluição aérea). Há necessidade de que o paciente tenha um ritmo respiratório regular, com volume corrente maior que 5ml/kg e uma freqüência respiratória menor que 25 incursões por minuto.

Cateter nasal (com ou sem reservatório):

      • Concentração O2 de 25 a 45%;

      • Fluxo de 0,5 até 5L/min;

      • Sem reinalação;

      • Vantagens: fácil colocação, permite que o paciente converse, se alimente;

      • Problemas: fluxo inexato, irritação cutânea, vazamentos.

      • Contra-indicada em indivíduos que tenham
        respiração predominantemente oral.

      • A umidificação só se faz necessária para fluxos maiores do que 4 l/min.
      • A FiO 2 teórica e estimada para vários fluxos:
        L/min        FiO 2
        1              24%
        2              28%
        3              32%
        4              36%
        5              40%
        6              44%

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Cateter faríngeo

 

Cateter transtraqueal

      • Administração de O 2 diretamente na traquéia, através de um pequeno cateter (1 a 2 mm de diâmetro interno) inserido percutaneamente ao nível do primeiro anel.
      • Economia de O 2 de aproximadamente 50% em repouso e 30% durante o exercício, devido ao armazenamento do oxigênio no espaço morto da via aérea superior e traquéia.
      • A FiO 2 não varia com o padrão respiratório, e é possível seu uso contínuo, não interferindo na realização das tarefas e nas atividades de
        vida diária.
      • A oxigenoterapia pode ser iniciada 2 a 3 dias após a inserção do cateter transtraqueal, sendo necessário um programa de educação e supervisão do paciente.

      • Desvantagem: Procedimento invasivo, podendo muito raramente levar à rouquidão, eritema cutâneo , hemoptises, enfisema subcutâneo e formação de rolhas de muco.

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Máscara facial simples:

      • Devem ser feitas com material transparente, para que se possa detectar facilmente uma regurgitação. É ainda importante que seja maleável, para boa adaptação à face, evitando-se vazamento de ar.

      • Oferta fiO2 de 35 a 50%;

      • Fluxo deve de a 5 a 12L/min;

      • Fluxo inferior a 5L/min = reinalação de CO2 contido no reservatório da máscara.

      • Deve ser retirada para alimentação, menor conforto, claustrofobia.

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Máscara com reservatório de oxigênio

      • O2 armazenado em reservatório e liberado durante as inspirações do paciente;

      • Oferece fiO2 maiores com fluxos menores;

      • Válvula bidirecional com reinalação: (poupa fluxo)

        • – Concentração de O2 : 35 – 60 %
          – Fluxo de O2: 06 a 10 L
          – Permite reinalação de CO2 na bolsa reservatório
          – Bolsa tem de estar cheia em 2/3

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      • Válvula unidirecional sem reinalação (escolha do pac. grave)

        • – Concentração de O2: 80 a 95 %
          – Fluxo de O2: 10 a 15 L.
          – Indicada no pac. grave IRA
          – Bolsa reservatório sempre inflada
          – 6 L. – 60 % FiO2
          – 7 L. - 70 % FiO2 10 L – 100%
          – 8 L. – 80 % FiO2
          – 9 L. - 90% FiO2

válvula unidirecional

2) O sistema de alto fluxo: O sistema de alto fluxo é aquele em que o fluxo total de gás que fornece ao equipamento é suficiente para proporcionar a totalidade do gás inspirado, o paciente somente respira o gás fornecido pelo sistema.

Máscara de Venturi

      • Tem base no princípio de Bernoulli, para succionar o ar do meio ambiente e misturá-lo com o fluxo de oxigênio. Esse mecanismo oferece altos fluxos de gás com uma fração inspirada de O2 fixa.
      • Indicação maior quando é necessário controlar de
        forma fina a FIO2 – DPOC.

      • Oferece fiO2 de 24, 28, 31, 35, 40 e 50% de acordo com a válvula.

      • Fluxo de O 2: 4 a 8L/min.

      • Desvantagem: não pode ser usada para prescrição domiciliar devido ao alto fluxo utilizado (no mínimo 3 l/min).

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Tenda Facial

      • Fornece um teor elevado de umidade, além de O2 suplementar;

      • Utilizada com freqüência para crianças;

      • construídas de material plástico transparente.

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  • Sistemas fechados de aspiração: consistem de uma sonda colocada em invólucro fechado que permanece atado ao tubo endotraqueal ou ao tubo de traqueostomia por 24 horas.
    • Indicações: pacientes imunossuprimidos, pacientes infectados ativamente (ex.: tuberculose franca), ou pacientes com hipoxemia refratária grave com altos níveis de PEEP.

Trach Care

      • Eficiência na manutenção da normoxia nos pacientes em ventilação mandatória intermitente, não sendo necessária nenhuma forma adicional de oxigenação;
      • É um método mais prático, fácil de ser realizado por uma só pessoa;

      • Diminui a exposição dos profissionais;

      • Não requer luva estéril;

      • Não requer a desconexão do paciente do respirador;

      • Mantém a PEEP e a FiO2;

      • Desvantagens: alto custo.

Trach Care 3

Trach Care

 

 

Riscos da Oxigenoterapia

O risco da oxigenoterapia depende da duração e da dose de oxigênio utilizados. Caracteriza-se por envenenamento de enzimas celulares, formação insuficiente de surfactante pelos pneumócitos tipo II e dano funcional ao mecanismo mucociliar.

Se utilizarmos oxigênio a 100%, observaremos toxicidade após 48 horas, sendo os sinais mais precoces de intoxicação por oxigênio o desconforto retroesternal, parestesias de extremidades, náuseas, vômitos e astenia.

Umidificadores

O oxigênio fornecido sob forma gasosa é seco, sendo necessário a adição de vapor de água antes que o O 2 alcance as vias aéreas. Os umidificadores promovem uma umidade relativa de 60% a 100%.

Quando o fluxo usado for menor que 4 l/min não há necessidade de umidificação . Fluxos acima deste levam à secura da mucosa nasal, de orofaringe, cefaléia, desconforto torácico e aumento da produção de muco.

Portadores de DPOC

A defesa de pacientes portadores de DPOC ante a retenção de CO2 está diminuída, pois perdem a capacidade de aumentar a ventilação na proporção que seria necessária para restabelecer os níveis de PaCO2.

Pacientes com maior grau de obstrução são os que têm tendência a menores PaO2 e maiores valores a PaCO2, e estes fatores passam a se somar no sentido de a hipoxemia passar a ser o fator principal no estímulo à ventilação através do quimiorreceptor periférico.

Se estes pacientes receberem fração inspirada de oxigênio que faça com que os níveis de PaO2 superem 55 a 60 mmHg, é bastante provável que se retire o estímulo único que eles apresentavam para manter a ventilação. Assim, podem passar a hipoventilar e reter CO2 progressivamente, podendo chegar à narcose e coma com apnéia. Por isso, são fundamentais a observação clínica constante e a participação ativa do fisioterapeuta com esse tipo de paciente.

Deve-se ter sempre o cuidado de administrar a Oxigenoterapia a baixos fluxos, em média 2 a 3L/minuto, mantendo a SatO2 em torno de 90 a 93% e a PaO2 entre 60 e 70mmHg. (POP Sta. Casa)

Fontes:

[DOC] ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS: Implicações para a(o) Enfermeira(o) de Cuidados Intensivos – Regina L. A. Willemen, Isabel Cruz.

[DOC] CEI - Informativo sobre a Trach Care

[Site] Fisioterapia Respiratória (Unesp)

[HTML] Oxigenação, ventilação e controle de vias aéreas - Edson Stefanini, Vicente Nicoliello de Siqueira. SOCESP - Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

[PPT] Oxigenoterapia -  Juliana Garcia, Magda Neves. Unoeste - Universidade do Oeste Paulista.

[PDF] Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada - Maria Christina Lombardi Machado.

[PDF] Oxigenoterapia no DPOC - Ingrid Evelin Stainoff

[PDF] Oxigenoterapia – Jerusa Fava

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP). J. Pneumologia [online]. 2000, vol.26, n.6, pp. 341-350. ISSN 0102-3586.  doi: 10.1590/S0102-35862000000600011.

[PDF] Suporte Básico às Vias Aéreas – Grupamento de Socorro e Emergência - Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

9 comentários:

fabio disse...

Boa noite Regina, gostei sobre o que você postou sobre oxigenoterapia, uma aula e tanto.

Fábio Oliveira
Enfermeiro Assistencial e Docente em enfermagem Senac/SP

Anônimo disse...

Boa noite Regina, gostei sobre o que você postou sobre oxigenoterapia, uma aula e tanto.

Fábio Oliveira
Enfermeiro Assistencial e Docente em enfermagem Senac/SP

Regina disse...

Que bom que gostou do post, Fábio!
Obrigada pela visita!

Abç! :-)

Ilídia Moreira disse...

Olá Regina, muito interessante esse post sobre oxigenoterapia. Parabéns, seu blog está muito interessante!

Ilídia Moreira
Acadêmica do 5º período de Fisioterapia - RJ

Anônimo disse...

Trabalho excelente sou estudante de enfermagem me ajudou bastante.

Anônimo disse...

Perdi meu pai por causa da DPOC. No estado terminal ele estava precisando de 15 litros de oxigenio !
Durante 2 anos ele fez uso de oxigenio domiciliar e aprendi muita coisa pra poder ajuda lo.
O complicado é que nos 20 dias de sua ultima internação tive que ensinar os enfermeiros as técnicas.
Parabéns pele matéria é de fundamental importância que os enfermeiros e auxiliares se aprofundem na área para trazer mais segurança e conforto aos pacientes de DPOC.

Regina disse...

O sistema de saúde no Brasil enfrenta diversos problemas que, muitas vezes, resultam em histórias tristes no ramo da assistência ao paciente. Meus sentimentos pelo seu pai e parabéns pelo empenho em tentar ajudá-lo por meio do acompanhamento e da busca da informação. Torçamos para que esse cenário complicado melhore ao longo dos anos.

Agradeço a todos pela visita ao blog e pelos comentários.

Um abraço grande.

Valquíria Gomes disse...

Boa tarde pessoal,

Sou completamente leiga neste assunto, cheguei até aqui porque estou procurando uma forma de ajudar meu sogro, ele tem 92 anos e tem sofrido muito com enfisema pulmonar. A oxigênio domiciliar pode ajudar a reduzir as crises? É de fácil manuseio? Pergunto porque mora somente ele e minha sogra de 80 anos. Desde já obrigada.

Anônimo disse...

Meu bebe de 03 meses foi diagnosticado com hipoxemia. Mas foi numa emergencia,pq ele tem bronquiolite. Mais o pediatra disse q se ele apresentou os sintomas na emergencia e pq ele realmente tem a doença. Porem gostaria de saber de existem exames especificos para identificar a veracidade da doença. Pq as vezes ele chega a 58% de oxigenio so e eu tenho que correr pro pronto socorro.
Priscilla torres

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