quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cigarro X Saúde Musculoesquelética


As lesões pulmonares e cardiovasculares provocadas pelo cigarro são amplamente divulgadas e conhecidas, porém, as lesões ortopédicas do cigarro são raramente discutidas e, por isso, seguem desconhecidas pelo público em geral. O objetivo dessa entrevista é chamar a atenção dos fumantes ativos e passivos para os riscos do desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas relacionadas ao cigarro.

O cigarro provoca lesões nos ossos e articulações?

Sim, temos diversos trabalhos científicos na literatura que descrevem essas lesões. 

Quais estruturas são lesadas pelo cigarro?

A cigarro está relacionado ao desenvolvimento de osteoporose. Além disso, leva ao retardo da consolidação óssea, à pseudartrose na fratura, e age diretamente na obstrução da microcirculação dos tendões. A lesão na microcirculação leva à ruptura e à dificuldade de cicatrização dos ligamentos e tendões. Há trabalhos publicados que mostram essa associação no desenvolvimento das lesões do manguito rotador, ou seja, quem fuma tem maior chance de desenvolver rupturas do manguito rotador e pior prognóstico após a ruptura desses tendões.  

Pacientes com fratura podem fumar?

Não, o cigarro é terminantemente proibido durante o processo de cicatrização da fratura. Quando um fumante quebra um osso, não temos como interferir nas lesões causadas na microcirulação durante todos os anos em que o paciente fumou, porém, podemos orientá-lo a parar de fumar durante o período de consolidação óssea. 

O que ocorre se o fumante com fratura não quiser parar de fumar?

Se estou tratando um paciente com fratura e ele necessitará de cirurgia, a conduta é simples: ou ele para de fumar ou troca de médico. Não realizo osteossíntese em pacientes fumantes que irão permanecer fumando no pós operatório. 

Quais o riscos do paciente fumante que tem uma fratura?

O paciente fumante evolui com aumento do tempo para colar uma fratura e, algumas vezes, a fratura simplesmente não cola. Desenvolve o que é denominado pseudartrose (falsa articulação), e o membro começa a fazer movimentos anormais no local fraturado. 

Porque o fumo está relacionado a tendinopatia do manguito rotador?

O fumo ativo, e também o fumo passivo, levam a alterações da microcirculação sanguínea, elevando a incidência de inflamações e dificultando a cicatrização dos tecidos tendinosos. 

Como está provado que o cigarro causa danos aos ossos, articulações e tendões?

O estudo sobre os malefícios do fumo, e particularmente do cigarro, é feito por meio de estudos observacionais na população fumante. Exemplo: O câncer de Pulmão apresenta uma incidência muito maior em pacientes fumantes. Nem todos os fumantes irão desenvolver câncer de pulmão, porém a incidência de câncer é 20 vezes mais frequente nos fumantes quando comparado com a população em geral. Estudos semelhantes são feitos com patologias ortopédicas, e observa-se que os pacientes  fumantes apresentam maior dificuldade de cicatrização tecidual, defeito na microcirculação. Observa-se também que o cigarro é um coadjuvante no desenvolvimento da osteoporose. 

De que maneira o fumo atrapalha a cirurgia ortopédica?

Quando operamos um paciente, reconstruímos seus tecidos, colocamos os ossos no lugar (quando realizamos uma osteossíntese) e costuramos os tendões e ligamentos. Ao final da cirurgia, inicia-se o processo de cicatrização dos tecidos. Tanto os tecidos reparados quando os produzidos pela incisão cirúrgica feita para se chegar até as estruturas lesadas deverão cicatrizar-se adequadamente. O cigarro atrapalha esta cicatrização, portanto, atrapalha diretamente o prognóstico da cirurgia. 

Como ocorrem as lesões provocadas pelo cigarro nos tecidos ósseos e tendinosos?

O mecanismo é o dano a microcirculação. Um tecido com menor aporte sanguíneo devido a problemas na microcirculação tem maior dificuldade de lidar com as reações pós operatórias. 

Exemplo: 

Imagine que os pequenos vasos estejam um pouco entupidos. Nessa situação, o tecido recebe menos sangue, e o sangue é o carreador de oxigênio que nutre as células. Com pouco oxigênio, as células ficam fracas e têm dificuldade para lutar contra bactérias geradoras de infeção.
O sangue também leva as células de defesa (glóbulos brancos) até os tecidos inflamados. Se chega menos sangue, há também menos células de defesa, e maior possibilidade de infecção. 

O sangue nutre os tecidos, tecidos com pouco sangue se deterioram e tecido morto é caldo de cultura para bactéria, o que também leva à infecção. 

Tecidos com pouco sangue têm dificuldade de produzirem novas células, o que significa retardo ou não cicatrização dos tecidos, pseudartrose e rupturas tendinosas.

Para piorar a situação, o fumo atrapalha o metabolismo do cálcio e os pacientes, levando a uma maior incidência de osteoporose. 

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Ortopedista, Traumatologia e Medicina do Esporte
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
atualizado em 20/04/2010

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Fisioterapia Oftálmica


A fisioterapia ocular ou oftálmica tem o objetivo de reeducar os movimentos dos olhos, que são realizados por seis pares de músculos extrínsecos e que recebe estímulo neurológico de três pares de nervos cranianos. Qualquer disfunção visual sensorial ou motora poderá acarretar um distúrbio oculomotor, podendo o indivíduo apresentar patologias com características e sintomas de:

Insuficiências de Convergência – IC(1):

o Visão borrada, Cansaço visual e dificuldade nas leituras.
o Sonolência nas leituras, bem como troca de linhas;
o Cefaléia na região frontal e/ou temporal;
o Irritação e hiperemia na conjutiva;
o Dores periorbitárias, nos olhos e peso nas pálpebras;
o Distúrbios posturais

Estrabismos transitórios(2):

o Paresias e paralisias oculomotoras;
o Dupla imagem e limitações em alguns movimentos dos olhos;
o Desequilíbrio postural e torcicolo (tipo PVC: posição viciosa de cabeça);

Estrabismo congênitos(3): desalinhamento dos eixos oculares.

o Desvios em Adução – Esotropias
o Desvios em Abdução – Exotropias
o Desvios verticais – hiper e hipotropias




Para descobrir se o indivíduo apresenta qualquer disfunção nos músculos dos olhos, deve ser feita uma avaliação conhecida comoExame de Motiidade Ocular – EMO ou Teste Ortóptico – TO(4),que é solicitada durante um atendimento ambulatorial com o Oftalmologista, Neurologista, Pediatra ou ortodontista. Poucos são os Ortopedistas que solicitam este exame, porém é importante avaliar a oculomotricidade(5) na presença de um torcicolo, pois há grande diferença entre o torcicolo congênito(6) e o de causa ocular(7).

Baseado no diagnóstico final, após a avaliação oculomotora, o profissional de Fisioterapia, por meio da solicitação do oftalmologista, realizará o tratamento cabível à determinada situação.

Glossário:

1. Insuficiências de Convergência – IC: Dificuldade de levar os dois olhos simetricamente em direção do dorso do nariz para posicioná-los com o objetivo de fixar um objeto ou para leitura.

2. Estrabismos transitórios: desalinhamento dos eixos oculares de aparecimento súbito, podendo normalizar espontaneamente ou com tratamento fisioterapêutico.

3. Estrabismos congênitos: desalinhamento dos eixos oculares de nascença ou que aparecem nos primeiros anos de vida e que tem tratamento oftalmológico através de correção óptica ou cirúrgica.

4. EMO ou TO: exame que tem o objetivo de avaliar a simetria dos movimentos dos olhos e a capacidade de visão binocular fusional.

5. Oculomotricidade: Capacidade de promoção dos movimentos e de ajustamentos posicionais oculares para a variadíssima demanda visual, que requer coordenação de alta elaboração e precisão.

6. Torcicolo Congênito: deficiência ou limitação que reside no pescoço no funcionamento do músculo esternocleidomastóideo. Deve ser tratado com terapias ou cirurgias ortopédicas.

7. Torcicolo de causa ocular – PVC (posição viciosa de cabeça): deficiência ou limitação no funcionamento de músculos extrínsecos dos olhos, que leva o indivíduo a usar erradamente os músculos da região cervical, para captar melhor as imagens que devem ser recebidas pelos dois olhos. Deve ser tratado com procedimentos oftalmológicos.

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FONTE: Blog Fisioterapia Ocular. Post publicado pelas fisioterapeutas Aline Melo e Ângela Dias.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Suicídio Assistido: Duas visões

Os textos a seguir trarão duas visões diferentes acerca do enfrentamento de um difícil prognóstico. Vale a pena ler, refletir, questionar... mas, sobretudo, vale respeitar a visão e a vivência de cada paciente.
Abçs!



***

Decisão de Brittany Maynard dá nova voz ao suicídio assistido; falta debate sobre o tema no Brasil
“Adeus a todos os meus queridos amigos e familiares que amo. Hoje é o dia que eu escolhi para partir com dignidade diante de minha doença terminal, esse terrível câncer no cérebro que levou tanto de mim... mas poderia ter tomado muito mais.” Assim, Brittany Maynard se despediu do mundo. A jovem, que tinha 29 anos, era vítima de um glioblastoma multiforme grau quatro, o mais agressivo tipo de tumor cerebral, e cometeu suicídio assistido, como havia planejado e anunciado em outubro.
A história de Brittany comoveu milhões de pessoas ao redor do planeta. Psicóloga, educadora e cheia de energia, ela recebeu a notícia de que tinha pouco tempo de vida um ano depois de seu casamento. Em janeiro, após sofrer enxaquecas muito fortes, a americana fez exames que constataram a presença de um tumor grande e difuso no cérebro. O primeiro prognóstico foi de 10 anos, mas após duas cirurgias, o câncer voltou ainda mais agressivo.
A rotina da jovem era marcada por fortes dores de cabeça e convulsões cada vez mais constantes. Recusando-se a tratamentos desnecessários – os próprios médicos deram a ela um prognóstico de seis meses –, Brittany resolveu aproveitar ao máximo o tempo que lhe restava e viveu cada segundo sabendo que poderia ser o último. Com o apoio da mãe e do marido, resolveu planejar a própria morte. A ex-moradora da Califórnia mudou-se para o Oregon, um dos quatro estados americanos onde o suicídio assistido é legal, e conseguiu uma receita médica de um coquetel letal. Os potinhos de remédio estavam sempre com ela.
A data marcada para morrer foi 1º de novembro. Antes disso, a jovem realizou seu último desejo e viajou com a família para o Grand Canyon. Na quinta-feira passada, Brittany surpreendeu novamente ao divulgar um outro vídeo, dizendo que poderia adiar o dia do suicídio assistido. Ela afirmou que ainda era capaz de sorrir e se divertir, mas também não descartou manter os planos originais, o que acabou ocorrendo. “Meu estado de saúde está se deteriorando rapidamente”, contou.

A morte de Brittany ocorreu no quarto que dividia com o marido, Dan. A mãe, Debbie, também estava presente, além de um médico, amigo da família. Na cama, a psicóloga escreveu um recado momentos antes de morrer, enviado para os amigos de Facebook. “O mundo é um lugar bonito, viajar foi meu melhor professor, meus amigos próximos e meus pais são os que mais se doaram para mim. Tenho, inclusive, um círculo de apoio ao redor da minha cama enquanto escrevo… Adeus, mundo. Espalhem boa energia. Vale a pena!”, concluiu."
O objetivo da jovem foi cumprido: ela conseguiu dar novo tom à polêmica discussão sobre o direito de pôr fim a uma doença intratável. Nos vídeos e nas mensagens que postou na internet, Brittany afastou a imagem normalmente associada a pacientes que, como ela, decidem quando e como morrer. Ainda que triste, conferiu serenidade a um assunto que costuma levantar opiniões acaloradas, baseadas em questões morais, éticas e religiosas.
“Minha família e eu chegamos a uma conclusão devastadora: não há tratamento que possa salvar minha vida e os remédios recomendados destruiriam o tempo que me sobra”, contou a jovem, em um artigo publicado no site da CNN. “Eu não queria esse cenário de pesadelo para minha família”, disse Brittany, referindo-se a uma internação hospitalar. “Então, comecei a pesquisar a morte digna. Essa é uma opção de fim de vida para pessoas mentalmente sadias, pacientes terminais com prognóstico de seis meses ou menos para viver. Isso me permitiria usar ajuda médica na hora da morte: posso pedir e receber a receita de uma medicação que eu possa ingerir por conta própria para acabar com meu processo de morte se isso se tornar impossível de lidar”, justificou.
“Mudança positiva” 
Para a antropóloga Débora Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, desde o início, a postura de Brittany contou pontos a favor daqueles que defendem o direito ao suicídio assistido. “Foi um caso bastante sensível e delicado, mas importante para o debate. Os oponentes do suicídio assistido alegam que as pessoas tomam essa decisão em um ato intempestivo. Brittany transformou isso num processo feliz”, diz a pesquisadora.
Nos Estados Unidos, cada estado tem sua legislação e apenas quatro – Oregon, Montana, Vermont e Washington – permitem o suicídio assistido. Na Europa, a prática é legal na Suíça, na Holanda, em Luxemburgo e na Bélgica. Um estudo recente publicado no Journal of Medical Ethics mostrou que o número de estrangeiros que viajam para a Suíça para morrer dobrou em quatro anos. Existe até um termo para isso: turista suicida.
Os autores do artigo analisaram os 611 casos de suicídio assistido de estrangeiros ocorridos no país europeu entre 2008 e 2012. Desses, 268 eram alemães, 122 britânicos, 66 franceses, 44 italianos e 21 americanos. No período, um cidadão brasileiro também recorreu à prática na Suíça, mostra a pesquisa.
Em média, a idade dos pacientes é de 69 anos, variando de 23 a 97; 58,5% são mulheres e os principais motivos são doenças neurológicas (47%) e câncer (37%), seguidas por doenças reumáticas, cardiovasculares, respiratórias e crônicas, entre outras.
Falta debate no Brasil 
A antropóloga Débora Diniz ressalta que, no Brasil, as discussões legais sobre suicídio assistido são quase nulas e precisam ser reforçadas. Não há sequer menção à eutanásia – morte provocada por outra pessoa, como o médico, e não pelo paciente – no Código Penal. No máximo, o artigo 122 criminaliza os atos de “induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça”, com pena de dois a seis anos, duplicada quando praticados em menores.
A especialista acredita que a falta de uma legislação e de debate qualificado sobre o tema no país acaba resultando em casos dramáticos, como o acompanhado por ela há cerca de 10 anos, em Brasília. Débora foi chamada pelo Ministério Público para prestar assessoria a respeito de uma família que foi à Justiça pedir para os médicos não entubarem um bebê de 8 meses que tinha amiotrofia espinhal progressiva tipo 1, doença incurável, degenerativa e com curto prognóstico. Fisioterapia, punção da veia, aspiração pulmonar de duas a três vezes ao dia, procedimentos invasivos e dolorosos. Nada disso, contudo, modificava o quadro clínico da criança, apenas a mantinha viva.
Como a doença faz perder a capacidade muscular, o bebê perderia a habilidade de respirar, tendo que ser submetido à ventilação mecânica. Foi por isso que os pais recorreram à Justiça. “Do nosso ponto de vista, aquilo não é mais vida. Aquilo é condenar uma pessoa a não poder morrer (...) Uma criança no respiradouro não tem a possibilidade de morrer...”, disseram os pais da criança. As declarações constam do relatório elaborado por Débora. Uma semana depois da decisão favorável, o bebê morreu. 
(Matéria de Paloma Oliveto, disponível em Saúde Plena)

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Philip Johnson, de 30 anos, seminarista da Diocese de Raleigh, tem câncer cerebral terminal, escreveu um artigo respondendo à Brittany Maynard. Johnson é incisivo sobre sua discordância de que o suicídio viria para preservar a dignidade em face de uma doença debilitante. 


TEXTO ORIGINAL:
Dear Brittany: Our Lives Are Worth Living, Even With Brain Cancer


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Um câncer, dois caminhos
Seminarista responde a jovem que recorreu à morte assistida: “Eu sinto por ela e entendo sua difícil situação, mas nenhum diagnóstico justifica o suicídio”. (...)
Os últimos dias da vida de Brittany foram dedicados a uma campanha pela legalização do “suicídio assistido”, chamado eufemisticamente de “morte com dignidade”. Em inglês, a expressão utilizada pelos veículos de comunicação e pelos adeptos da campanha é “death-with-dignity”. (...)
Quando Brittany prenunciou ao mundo o seu suicídio, em outubro, o jovem Philip Johnson, seminarista da Diocese de Raleigh, na Carolina do Norte, respondeu à sua iniciativa com um artigo, publicado na Internet. A sua história, muito parecida com a de Brittany nos detalhes – também ele foi diagnosticado com um câncer terminal no cérebro, com apenas 24 anos de idade –, tem, todavia, um final bem diferente. 
 
Quando descobriu o câncer, Philip servia como oficial da marinha norte-americana no Golfo Pérsico. “Recordo o momento em que vi as imagens computadorizadas dos scanners cerebrais. Fui à capela da base e caí no chão chorando. Perguntei a Deus: ‘Por que eu?’”. Depois de consultar os médicos, ele foi informado de que perderia gradualmente o controle de suas funções corporais – “desde paralisia até incontinência” – e que muito provavelmente também as suas faculdades mentais desapareceriam. 
Ele conta, porém, que nada disso o faria procurar o chamado “suicídio assistido”. “Eu acho que ninguém quer morrer dessa maneira”, declara. “A minha vida significa algo para mim, para Deus e para a minha família e amigos, e, salvo uma recuperação milagrosa, continuará significando muito, mesmo depois de paralisado em uma cama de hospital”. 
O seminarista reconhece a tentação de Brittany de acabar com a sua vida “por seus próprios termos”, mas não pode aceitar a sua decisão. “Eu concordo que o seu estado é duro, mas a sua decisão é tudo, menos corajosa”, afirma. “Eu sinto por ela e entendo sua difícil situação, mas nenhum diagnóstico justifica o suicídio”. 
Philip também assegura que, com sua doença, pôde experimentar “incontáveis milagres”. Ele aprendeu, sobretudo, que “o sofrimento e a dor de coração, que fazem parte da condição humana, não devem ser desperdiçados ou interrompidos por medo ou procurando controle em uma situação aparentemente incontrolável”. “Não procuramos a dor em si mesma – explica Philip –, mas o nosso sofrimento pode ter grande significado se tentamos oferecê-lo pelas intenções dos outros”. 
Mesmo passando por momentos de grande dificuldade, Johnson segue em seus estudos para tornar-se padre. “Ainda fico triste, ainda choro”, escreve. “Ainda peço a Deus que mostre a Sua vontade através de todo este sofrimento e me permita ser Seu sacerdote (...), mas sei que não estou sozinho no meu sofrimento”.  
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tosse Cinética


Definição:

É uma técnica de facilitação de tosse voluntária.

Objetivo:

Efetivar o mecanismo da tosse, para que se obtenha uma adequada eliminação das secreções retidas e evitar assim complicações bronco pulmonares.

Indicações:

Doenças hipersecretivas, Pós-operatórios.

Contra-Indicações:

Hemorragias, principalmente digestiva e pulmonar;
Fístulas broncopleurais;
Paciente desorientado e inconsciente;
Presença de sutura com risco de evisceração;
Pressão intracraniana aumentada.

Material Necessário:

Lenço descartável ou compressas.

Orientação ao paciente pré-procedimento:

*Esclarecer a importância do procedimento objetivando profilaxia de complicações pulmonares. 
*Explicar como será feita, pois necessita da colaboração do paciente.
*Esclarecer, conscientizar o paciente que esse procedimento será repetido quando necessário, mesmo quando a dor estiver presente no caso, por exemplo, de pós-operatório.

Descrição do Procedimento:

Descrevemos as diferentes modalidades:

A)TOSSE TÉCNICA:

Inicialmente o fisioterapeuta deve usar o comando verbal adequado, possibilitando que o paciente aprenda a técnica corretamente, para que a mesma seja efetuada com eficácia.

O paciente deverá realizar lentamente a inspiração, prévia ao ato tossígeo usando o padrão diafragmático associado ao padrão intercostal.

Em seguida realiza uma breve apnéia pós-inspiratória.

Logo em seguida, efetuar uma brusca e curta respiração (tossir).

B)HUFFING OU HUFF:

Paciente inspira suave e profundamente usando o padrão diafragmático, associado ao padrão intercostal expandindo a região costo-basal.

Em seguida breve apnéia pós-inspiratória de mais ou menos 03 seg.

Em seguida faz uma expiração profunda descontraída com a boca aberta, utilizando a sua musculatura abdominal, se possível com a compressão manual sobre o abdômen.

C)TOSSE EM 03 TEMPOS:

Tosse deverá ser rápida, consecutiva em 03 tempos, sendo o último tempo expiratório longo, tal qual o Huffing, retirando a musculatura abdominal, e elevando o diafragma abdominal.

D)TOSSE TÉCNICA COM O USO DE SMI (Sustentação Máxima Inspiratória):

É o uso da SMI com a tosse técnica já descrita.

A sustentação máxima de inspiração visa aproveitar a inspiração ativa profunda sustentada por um intervalo de tempo pré-determinado, no ganho de uma tosse bem mais eficaz e produtiva.

Orientação ao Paciente e/ou Familiar Pós-Procedimento:

Se sentir vontade de tossir, deve proceder da maneira que foi orientado.

Pontos Críticos e Riscos:

Dispnéia, ansiedade, vertigem, sentir dor nos casos de pós-operatório e dificuldade na compreensão e/ou execução da técnica.

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FONTE: Texto disponível no site Concurso e Fisioterapia, retirado em 15/10/2014.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O que é costocondrite? ¹

A costocondrite é uma inflamação da cartilagem que liga as costelas ao esterno ou osso do peito. Ela causa dor e sensibilidade na parede torácica que se assemelham, freqüentemente, ao que a pessoa sente com um ataque do coração ou outros problemas cardíacos. 

Em geral, a costocondrite não tem causa aparente e passa sozinha. O tratamento é direcionado a diminuir a dor enquanto o paciente espera o problema resolver-se. 


Quais são os sintomas da costocondrite? 

• Dor e sensibilidade na parede torácica, que podem tanto ser agudas como brandas e incômodas. 

• Dor que muitas vezes se manifesta no lado esquerdo do esterno, embora possa ocorrer em qualquer um dos lados do tórax. 

• Dor ao inspirar na respiração profunda. 

• Dor ao tossir. 

• Dificuldade de respirar. 


Quais são algumas das causas da costocondrite? 

Na maioria dos casos, a causa da costocondrite é desconhecida. Entretanto, há ocasiões em que existe claramente uma causa. Eis alguns exemplos: 

• Lesão – Um golpe no peito (ou sobrecarga muscular causada por alguma alguma atividade física); 

• Infecção – É possível uma infecção se desenvolver na articulação esternocostal, causando dor; 

• Fibromialgia – A costocondrite pode ser um sintoma de fibromialgia, a qual é uma enfermidade que causa dor muscular e uma sensação contínua de cansaço. 


Como o médico diagnosticará a costocondrite? 

O médico fará um levantamento do seu histórico de saúde, lhe perguntará sobre os seus sintomas e realizará um exame médico. Possivelmente, apalpará a extensão do esterno à procura de áreas sensíveis ou inchadas. 

Essa enfermidade não pode ser visualizada por radiografia; contudo, talvez o médico solicite alguns exames diagnósticos a fim de eliminar outras causas da dor, tais como doenças cardíacas ou problemas gastroinstestinais. 


Como é tratada a costocondrite? 

A costocondrite geralmente passa sozinha em uma ou duas semanas. Para que você se sinta mais confortável, pode ser que o médico lhe recomende tomar: 

• Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, conhecidos pela sigla AINEs (NSAIDs, em inglês) – tais como ibuprofeno (Advil, Motrin) ou naproxeno (Aleve); 

• Relaxantes musculares – ajudam a diminuir a dor. 

Os medicamentos de ambas essas classes podem ser irritantes ao estômago e devem ser ingeridos junto com as refeições. 

Existem, ainda, medidas de auto-cuidados que você pode tomar para melhorar o seu nível de conforto. Algumas delas são: 

• Repousar bastante e evitar atividades que fazem a dor piorar; 
• Praticar exercícios físicos leves, tais como caminhar ou nadar, para melhorar o seu humor e manter o seu corpo saudável. Porém, não exagere no exercício e pare se a dor aumentar ao praticá-lo. 
• Pode ser que o seu médico sugira a aplicação de uma compressa térmica na região dolorida várias vezes por dia. Mantenha o ajuste da compressa térmica no nível baixo para evitar queimaduras. 


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  1. Texto retirado da Folha de Informação aos Pacientes do Danbury Hospital
  2. Fonte: American Academy of Family Physicians através do site www.familydoctor.org. The Mayo Foundation for Medical Education and Research através do site www.mayoclinic.com

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Benefícios da Atividade Física durante o Tratamento Oncológico (*)

(Kamila Favarao Adorni - Fisioterapeuta)

Segundo a OMS, podemos definir a atividade física, como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso.

1. Quais os benefícios de atividade física?

Inúmeros estudos demonstram que os mecanismos de regulação e de defesa do corpo que lutam contra o câncer podem ser estimulados pela atividade física. Alguns exemplos:
  • Reduz a quantidade de tecido adiposo – principal local de estocagem de toxinas cancerígenas; 
  • Reduz o excesso de estrógenos e de testosterona; 
  • Reduz a taxa de açúcar no sangue, consequentemente, a secreção de insulina e IGF; 
  • Atua no sistema imunológico, alem dos benefícios já conhecidos por todos, como melhora do humor, da disposição e consequentemente melhora da qualidade de vida. 

2. Quem deve ser o profissional a prescrever e realizar as orientações para a prática da atividade física no paciente oncológico?

O profissional mais indicado, é o fisioterapeuta, afinal é uma reabilitação física! E devemos estar atentos a todos os possíveis riscos deste paciente.

3. Pacientes em tratamento oncológico devem realizar atividade física?

O tratamento oncológico não impede a realização de uma atividade física (como por exemplo, caminhada). É até importante, para:
  • Manter ou melhorar sua capacidade física. 
  • Melhorar o equilíbrio, diminuindo o risco de quedas e ossos quebrados. 
  • Evitar o atrofiamento dos músculos. 
  • Diminuir o risco de doença cardíaca. 
  • Diminuir o risco de osteoporose. 
  • Melhorar o fluxo sanguíneo. 
  • Tornar o paciente independente para suas atividades cotidianas. 
  • Melhorar a autoestima. 
  • Diminuir o risco desenvolver depressão. 
  • Diminuir as náuseas. 
  • Melhorar o humor e o relacionamento social. 
  • Evitar a fadiga. 

4. Existe um momento ideal para a realização da atividade física durante o tratamento oncológico?

A atividade física pode ser iniciada desde o começo do tratamento, levando sempre em consideração as características individuais de cada paciente. A indicação do melhor momento, ira depender das condições clínicas atuais. Se o paciente estiver se sentindo bem, com exames controlados, é importante conversar com a equipe médica sobre o inicio da atividade física e, se não houver qualquer problema clínico, o paciente poderá iniciar.

5. Pacientes no pós cirúrgico se beneficiam com a atividade física?

Desde que não tenham nenhuma contra indicação medica, o paciente poderá usufruir dos benefícios da atividade física. Porem, neste momento a atividade de escolha deve ser muito leve, como por exemplo, uma caminhada em ritmo lento, duas vezes na semana.




6. Quais os cuidados que o fisioterapeuta deve ter ao prescrever a atividade física para o paciente oncológico?

Devemos estar atentos aos pacientes com número baixo de plaquetas, de hemoglobina, o profissional deve estar sempre verificando estes exames para adaptar as atividades de acordo com as condições do aluno/paciente.

Os parâmetros laboratoriais e de imagem são importantes para isso, o programa de exercício deve basear-se nas características individuais de cada paciente e levar em conta a avaliação clinica e os resultados críticos dos exames laboratoriais.

7. Quais são as precauções para iniciar a atividade física?

  • Certifique-se que seus níveis sanguíneos estão adequados.
  • Não faça exercícios físicos se estiver com anemia. 
  • Se suas taxas sanguíneas estiverem baixas evite locais públicos. 
  • Não pratique atividades físicas se o nível dos minerais no sangue, como sódio e potássio, não estiverem normais. 
  • Se você se sente cansado e sem vontade de praticar exercícios físicos, tente pelo menos fazer 10 minutos de alongamento diariamente. 
  • Evite superfícies irregulares e exercícios que possam fazer você se machucar. 
  • Evite exercícios que provoquem muita tensão nos ossos, se você tem osteoporose, metástase óssea, artrite e lesões nos nervos. 
  • Se você tem problemas de equilíbrio, prefira a bicicleta ergométrica à esteira. 
  • Avise seu médico se ganhar peso sem motivo aparente, tiver falta de ar ao mínimo esforço, tontura, dores, inchaços e visão turva. 
  • Observe a ocorrência de sangramentos, especialmente se estiver tomando anticoagulantes. 
  • Evite piscinas com cloro se tiver feito radioterapia. 
  • Se você estiver usando um cateter, evite esportes aquáticos e outros riscos que podem causar infecções. Evite também treinos de resistência que exercitem os músculos na região do cateter. 
  • Atividade física deve ser prescrita, orientada, acompanhada por um profissional da área de saúde, de preferência pelo fisioterapeuta, e o paciente deve ser reavaliado com freqüência. 

8. A prática de atividade física ajuda a reduzir a fadiga?

Sim, a pratica regular de atividade física, por meio de exercícios aeróbicos, como a caminhada, associado ou não a exercícios resistidos, diminui a fadiga relacionada ao câncer durante o tratamento. A maioria dos pacientes com câncer percebe que tem muito menos energia do que antes. Durante o tratamento, cerca de 70% dos pacientes apresentam fadiga. Esse tipo de cansaço do corpo e do cérebro não melhora com o repouso. Para muitos, a fadiga é intensa e limita suas atividades. A inatividade leva à perda de massa muscular e perda de função. Um programa de exercícios aeróbicos pode ajudar a fazer você se sentir melhor, podendo inclusive ser prescrito como tratamento para fadiga em pacientes com câncer.

9. Mesmo a fadiga causada pelos efeitos da quimioterapia?

Sim. Dicas para reduzir a fadiga:
  • Estabeleça uma rotina que permita que você faça os exercícios diariamente. 
  • Exercite-se regularmente. 
  • Faça pausa entre as séries de exercício. 
  • A menos que seja indicado o contrário, mantenha uma dieta equilibrada, que inclua proteínas, e beba cerca de 8 a 10 copos de água por dia. 
  • Faça atividades que lhe dão prazer. 
  • Use técnicas de relaxamento e visualização para reduzir o estresse. 

10. Como devo iniciar a pratica da atividade física?

Embora haja muitas razões para ser fisicamente ativo durante o tratamento do câncer, o programa deve ser baseado no que é seguro, eficaz e agradável para cada paciente. O programa deve levar em conta os programas anteriores de exercícios que o paciente já costumava seguir antes da doença e também seus novos limites. Portanto, o programa de exercícios deve ser adaptado aos seus interesses e necessidades, iniciando sempre de forma lenta e através de exercícios leves.

Dicas para iniciar a atividade física:
  • Comece gradualmente; 
  • Faça regularmente (30 minutos de caminhada seis vezes na semana); 
  • Tente atividades suaves; 
  • Busque o prazer; 
  • Caso sinta-se melhor, faça em grupos; 
  • Não desista! 

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(*)Texto retirado do Site da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia em 22/08/2014. Kamila Favarao Adorni é Fisioterapeuta, com mestrado em Saúde da Mulher.
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